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O novo ensino médio traz uma série de inovações como flexibilização curricular, foco no desenvolvimento de competências e habilidades de área e o protagonismo do estudante que irão mudar a rotina da escola a partir da sua implementação.
Vamos refletir um pouco sobre estas inovações e como sua escola poderá fazer frente a elas.
Rotina da escola no Novo Ensino Médio
Atualmente o ensino médio no Brasil possui um currículo padrão onde todos os alunos estudam as mesmas disciplinas, não importando a trajetória que irá seguir ao seu final. Isto gera um currículo fragmentado e superficial que resulta em desmotivação do estudante e pouca conexão com seu projeto de vida.
Entretanto, esta estrutura curricular facilita a rotina escolar, pois simplifica a organização da escola em relação aos espaços de aprendizagem, enturmação e atuação docente. Para permitir um maior protagonismo do estudante, o novo ensino médio propõe uma série de inovações que irão alterar significativamente a rotina dos estudantes e professores do ensino médio na escola.
Flexibilização curricular e os espaços de aprendizagem
Os novos currículos flexíveis orientados pelas escolhas do estudante do novo ensino médio são um desafio para a organização e para a sustentabilidade da escola. Um desenho curricular frágil pode levar a escola a oferecer ou poucas alternativas de escolha para o estudante ou a oferta de um número elevado de itinerários formativos que pode resultar em uma fragmentação do número de alunos por turma e gerar um desequilíbrio nas contas da escola.
Assim sendo, é importante que a escola atente para os espaços de aprendizagem diferenciados propostos pelas normas do novo ensino médio, o que envolve as possibilidades de oferta de componentes curriculares em parceria com outras instituições ou de módulos por meio do EaD.
Relação do estudante com a escola no Novo Ensino Médio
Estas possibilidades implicam em mudança da relação do estudante com a escola, uma vez que pode ser permitida a realização de atividades em ambientes diferentes da sala de aula na unidade escolar. Para tanto, a escola deverá observar aspectos como horário de oferta das disciplinas além da disponibilidade de alimentação e transporte para a realização de atividades pelo estudante em organizações parceiras.
Em relação às atividades em EaD, cabe registrar que as mesmas podem ser admitidas no currículo até um limite de 20% da carga horária total (até 30% para cursos noturnos) sendo que a escola deve garantir plataformas digitais adequadas e a coordenação/acompanhamento destas atividades por um professor na unidade escolar.
Além disso, a flexibilização curricular exige formas diferenciadas de enturmação dos estudantes, sendo recomendável que nos componentes curriculares da formação geral básica (BNCC) os estudantes sejam enturmados por ano/série e na parte dos itinerários possam ser criadas turmas multisseriadas. Isto demandará ajustes no sistema de registro acadêmico das escolas, bem como na organização dos horários para permitir a criação destas turmas.
Para permitir uma maior flexibilidade de escolhas, pode ser interessante organizar a oferta de módulos nos itinerários formativos com matrículas semestrais, viabilizando assim eventuais mudanças de percurso formativo pelo estudante e até uma composição mais variada de itinerários formativos.
Atuação docente integrada
A atuação docente também deverá passar por diversas adaptações. O novo currículo e a BNCC preconizam substituir a aprendizagem com foco em conteúdos para uma aprendizagem com foco em competências e habilidades, além de uma organização curricular por áreas do conhecimento.
Para tanto, os docentes de cada componente curricular de uma área deverão realizar um planejamento conjunto permanente.
Avaliação de competências e habilidades
Os professores também deverão desenvolver novas formas de avaliação da aprendizagem. A finalidade da avaliação deixa de ser centrada na verificação da apreensão de conteúdos e passa para o exame da aprendizagem do estudante ao longo das atividades realizadas em sala de aula bem como na avaliação das habilidades e competências adquiridas pelo estudante ao final de todo o processo educacional.
Ainda, considerando a organização por áreas de conhecimento, é importante que os professores de diferentes componentes curriculares dialoguem para que a avaliação do estudante possa superar o mero desempenho disciplinar.
Cabe registrar também que, considerando que a trajetória do estudante nos itinerários se dá por escolhas, a escola deverá analisar diferentes critérios para a promoção do estudante na parte da formação geral básica e na parte dos itinerários. Nesta última parte, uma estrutura por créditos ao invés de uma estrutura seriada faz mais sentido na hora de computar a carga horária do estudante, uma vez que permite diversas trajetórias diferentes para o estudante.
Leia também: Como o novo Ensino Médio afeta o Ensino Fundamental?
Práticas pedagógicas inovadoras
Há que se considerar que o foco em solução de problemas decorrente do desenvolvimento de competências remete ao uso por parte dos professores de práticas pedagógicas inovadoras, entre elas as metodologias ativas, trabalho por projetos e a aprendizagem baseada em problemas. Essas possibilidades se tornam ferramentas indicadas para a organização das atividades dos estudantes.
Material didático modular
Ao mesmo tempo, a escolha dos materiais didáticos deve refletir a flexibilidade curricular do novo ensino médio. Desta forma, materiais modulares permitem ao estudante ter à disposição livros didáticos e materiais de apoio digitais de acordo com suas escolhas curriculares.
Cabe lembrar que o novo ensino médio exige foco no desenvolvimento de competências de leitura, interpretação e redação de textos de diversos níveis de complexidade o que pode ser fortemente desenvolvido por meio da disponibilização pela Árvore de diferentes soluções para o desenvolvimento destas competências.
O novo ensino médio traz inúmeros desafios para a organização escolar e sua implementação levará a uma mudança significativa da rotina da escola. No entanto, estes desafios podem se transformar em uma grande oportunidade para a escola oferecer uma formação mais sintonizada com o projeto de vida do estudante e com as demandas da sociedade do século XXI.