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Não é segredo para ninguém o quão atribulada é a rotina de gestores escolares. Afinal de contas, uma gestão escolar eficiente requer um olhar cuidadoso sobre demandas de estudantes, equipe pedagógica, funcionários, instalações da instituição e famílias.
Além disso, conforme o fim do ano letivo se aproxima (e com ele as tão merecidas férias), outra missão começa a assombrar as escolas: a montagem de novos quadros de horários. Sabemos que é difícil agradar a gregos e troianos em tal tarefa, mas no post de hoje traremos 8 dicas para facilitar o desenho de um bom cronograma.
1 - Conheça as necessidades da escola e a legislação do país -
Em primeiro lugar, antes de montar o quadro de horários em si é fundamental entender as necessidades da escola. Para isso, há que se fazer um levantamento e registro sobre:
o número de turmas em voga e previsão de turmas a serem abertas ou fechadas no ano seguinte, geralmente dispostos nas metas da campanha de matrícula;
a totalidade das disciplinas e atividades extracurriculares ofertadas;
a carga horária de professores e alunos;
os recursos materiais disponíveis (como número e metragem de salas e espaços coletivos);
as preferências de horários para intervalos, início e fim das aulas entre docentes, discentes e famílias.
Para isso, pesquisas de opinião e consultas a atas de reuniões prévias podem ajudar a entender as dinâmicas de responsáveis e cuidadores para levarem e buscarem os alunos. Além disso, essas ferramentas são boas sinalizadoras, para as famílias, do compromisso concreto da instituição com o bem-estar de todos.
É preciso entender, ainda, em quais períodos do dia determinadas faixas etárias estão mais dispostas e concentradas para determinadas atividades pedagógicas. Reflita, por exemplo, se uma aula de educação física às 6 da manhã é adequada para grupos de educação infantil. O mesmo com os demais componentes curriculares.
Ademais, bons gestores sempre primam pelo cumprimento das regulamentações e diretrizes legais do sistema de ensino local e do Ministério da Educação. Além do conteúdo curricular, requisitos como carga horária mínima, feriados escolares e datas de avaliações devem ser levados em consideração.
No Brasil, os documentos normativos da Educação Básica a serem consultados sempre que necessário são as Leis de Diretrizes e Bases (LDBs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Não deixe de conferir, também, os calendários federais.
2 - Envolva a equipe
Outra etapa primordial para procurar atender ao máximo às necessidades de professores e demais membros da equipe escolar é consultar esses profissionais com antecedência. Desse modo, a equipe se sentirá acolhida e poderá se planejar de antemão.
Você pode usar questionários online e/ou softwares para obter feedback sobre suas preferências e restrições em relação ao horário. Depois, uma vez gerados esses dados, pode-se cruzá-los para dar início ao quebra-cabeça do quadro de horários.
Lembre-se que uma gestão democrática e respeitosa tem impactos diretos na saúde mental e desempenho da equipe pedagógica em sala de aula.
3 - Valorize o bem-estar dos alunos e professores
Para garantir o bem estar físico e emocional de crianças, adolescentes e professores, também é necessário propor uma distribuição agradável e harmoniosa dos recursos da escola.
Verifique a distância entre as salas de aula, laboratórios, sala de professores e demais espaços. E não se esqueça de considerar, na distribuição de horários, o tempo de deslocamento entre um espaço e outro.
Caso os docentes tenham que bater um ponto eletrônico, é crucial disponibilizá-lo em um local estratégico e de fácil acesso, que não comprometa a minutagem de aulas das turmas. O mesmo pode ser aplicado a atividades que necessitem um período de preparação, como é o caso de práticas esportivas que requerem uniformes específicos.
Além disso, evite criar lacunas de tempo entre as aulas ou a priorização de determinadas áreas do conhecimento em detrimento de outras. Lembre-se sempre da importância de uma educação integral para o desenvolvimento saudável que nossos estudantes merecem.
Outro aspecto a ser levado em consideração na logística de distribuição de horários é o tempo adequado para refeições, pausas e cuidados com a saúde e a higiene (como idas ao banheiro e escovação de dentes). Isso pode evitar o desenvolvimento de doenças ocupacionais recorrentes entre professores, como infecções urinárias, traumas no trato vocal e burnout.
4 - Automatize o processo, se possível
Caso a sua escola disponha de recursos como computadores e internet, você pode automatizar o processo de criação do quadro de horários utilizando softwares de gestão escolar ou ferramentas de programação de horários. Essas ferramentas podem considerar diversos parâmetros, como a disponibilidade de professores, capacidade das salas de aula e preferências, tornando a tarefa mais eficiente e reduzindo erros.
Alguns estudos já demonstram a eficiência desse tipo de ferramenta tecnológica na superação de dificuldades comuns à criação dos quadros de horário, tais como:
horários vagos ou desiguais para turmas de um mesmo nível;
janelas enormes (muitas vezes não remuneradas) nos horários dos professores;
horários inviáveis para certas atividades;
colisão de professores em turmas distintas;
conflitos de horários;
blocos muito longos de uma mesma disciplina, o que pode dificultar o nível de atenção e concentração.
Contudo, lembre-se de que a supervisão e revisão humana ainda é necessária. O olhar crítico da gestão sobre os resultados gerados e eventuais adaptações são fatores que garantem um resultado que realmente atenda às necessidades da escola.
5 - Diversifique os componentes curriculares
A depender do projeto político pedagógico da escola, pode ser interessante evitar a concentração de disciplinas de um mesmo campo de estudo em um único dia ou período.
Procure diversificar as matérias ao longo da semana e do dia, distribuindo disciplinas mais desafiadoras e aquelas que requerem mais concentração de maneira equilibrada. Isso ajuda a evitar a fadiga dos alunos e a melhorar o engajamento nas aulas.
Além disso, leve em consideração a previsão de projetos interdisciplinares a serem desenvolvidos ao longo do ano.
Se você está ciente de uma iniciativa de colaboração entre professores de ciências e língua portuguesa, por exemplo, por que não manter esses componentes em tempos seguidos na grade? Isso pode facilitar a organização das salas e dinâmicas em grupo em rotinas lógicas e práticas.