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A Educação Parental tem sido uma demanda cada vez mais presente nas escolas. Gestores e educadores devem prestar atenção ao assunto e envolver as famílias dos estudantes no ensino e aprendizagem.
Educar uma criança ou adolescente é uma tarefa extremamente desafiadora, especialmente em meio a uma rotina de trabalho intenso. Além disso, na era da informação, a quantidade de conteúdos disponíveis sobre parentalidade acaba gerando mais dúvidas que acolhimento nas famílias.
Mães, pais e outros cuidadores de crianças e jovens enfrentam inseguranças maiores nesse contexto tecnológico. Isso ocorre porque ninguém foi preparado para educar nessa situação.
Muitas famílias têm dúvidas sobre como criar os filhos e estabelecer limites na escola. Essas angústias têm consequências diretas na rotina da comunidade escolar.
Afinal, como lidar com as dificuldades inerentes à parentalidade quando o senso comum ensina que isso deveria ser algo meramente instintivo?
A Educação Parental ajuda a família a amadurecer e aprender. É um caminho para dialogar, refletir e resolver conflitos, além de incentivar o crescimento saudável dos filhos.
No texto de hoje, vamos entender:
em que consiste a Educação Parental;
como incentivá-la na escola;
como a Educação Parental beneficia os próprios estudantes;
e como utilizar o projeto Conexão Família para acolher pais, mães e responsáveis da sua escola.
O que é Educação Parental?
Em linhas gerais, a Educação Parental costuma envolver profissionais de diferentes áreas do conhecimento, como Psicologia, Pedagogia, Assistência Social e Biologia. Seu objetivo principal é orientar pais e mães a adotarem práticas adequadas na criação dos filhos. Visando que eles se desenvolvam bem cognitiva e afetivamente.
Ernesto Martins e Susana Martins definem a Educação Parental como um “eficaz recurso psicoeducativo, relacional e comunicativo para a adaptação das crianças à escola e às mudanças de competências parentais, bem como para o exercício positivo da parentalidade”.
Nesse sentido, a Educação dos Pais pode ser uma boa aliada de famílias que procuram embasamento para suas práticas de criação.
Mesmo os pais que desejam criar seus filhos da mesma forma como foram criados percebem que o mundo mudou. O que funcionava antes pode não funcionar mais.
Principalmente para pais e mães novatos, contratar profissionais qualificados pode ajudar em várias áreas do cuidado parental.
A Educação Parental pode, então, ser útil para que os responsáveis aprendam sobre uma variedade de temas, tais como:
técnicas de amamentação e primeiros cuidados de recém-nascidos;
iniciativas de prevenção à violência nos anos escolares iniciais;
manobras e procedimentos de primeiros socorros para emergências;
alimentação adequada para o desenvolvimento infantil;
estratégias para o desenvolvimento da autonomia e envolvimento da criança nas tarefas de casa;
compreensão do desenvolvimento físico, social e neurológico de crianças e adolescentes que ajudem a explicar determinados comportamentos;
conhecimento sobre os principais preceitos de linhas pedagógicas para ajudar na escolha de instituições de ensino mais alinhadas com as crenças da família;
construção de vínculos e comunicação eficaz e afetiva com os filhos;
uso saudável e consciente de aparatos tecnológicos em casa;
tantos outros aspectos que podem estar relacionados a uma situação social ou familiar.
A Educação Parental ajuda as famílias a criar crianças e adolescentes, fornecendo informações seguras e baseadas em evidências científicas. Essa é uma maneira de escolher como conduzir o processo e não somente repetir os ciclos de suas gerações anteriores.
No Brasil, uma educadora parental de bastante prestígio é Elisama Santos, autora dos livros Educação não- violenta (2019), Por que gritamos? (2020) e Conversas Corajosas (2021). Em todos esses títulos, ela apresenta estratégias que podem ser adotadas para uma educação familiar mais dialógica, respeitosa e compreensiva.
Em 2022, Elisama Santos participou do Conversas que Transformam, ao lado das também educadoras Carol Campos e Antônia Burke.
No evento, uma de suas falas chamou a atenção por abordar uma dificuldade que atravessa gerações. “Nós somos, em regra, a maioria de nós, analfabetos emocionais. Nós não sabemos nomear as nossas emoções.” Esta é uma das razões pelas quais alguns pais procuram ajuda de profissionais.
Como a Educação Parental pode ser incentivada na escola?
Sabemos que a interação família-escola é crucial para o bom desenvolvimento acadêmico e integral dos(as) estudantes. Para que essa parceria seja um sucesso, a comunicação eficiente e transparente é determinante para estabelecer relações familiares e escolares de confiança mútua.
Nesse sentido, eventos que incentivem a troca de vivências entre responsáveis são ótimos espaços para promover a Educação Parental. Neles, deve haver escuta ativa e acolhedora de suas dores cotidianas. Gestor, os questionamentos a seguir podem te ajudar a pensar em iniciativas a serem implementadas na sua escola.
As dinâmicas das reuniões de pais e responsáveis têm abordado preceitos da Educação Parental? O planejamento das pautas dessas reuniões tem sido baseado em demandas trazidas pelas famílias?
A iniciativa de Educação Socioemocional utilizada pela sua escola tem espaço de acolhimento e informação para as famílias?
A equipe tem sondado responsáveis em conversas e pesquisas de opinião? Essas são ferramentas que podem identificar temas relacionados à parentalidade que são de seu interesse.
Qual a viabilidade da equipe gestora promover uma roda de conversa, palestra ou oficina abordando esses assuntos? Seria interessante levar um convidado externo para contribuir às discussões com sua expertise?
As famílias parecem dispostas a participar de um clube de leituras ou evento periódico? Nesses eventos, pode haver indicações e discussão de livros e materiais multimídia sobre Educação Parental.
Como a orientação aos responsáveis beneficia os alunos?
Maya Eigenmann explica que é preciso orientar pais e responsáveis a educarem com base no afeto, respeito e acolhimento da criança. Afinal, essa é uma prática que traz uma série de benefícios físicos e emocionais.
Em seu mais recente livro, Pais feridos, filhos sobreviventes (2023), a autora argumenta que vivemos em uma sociedade “adultista”. Isso quer dizer que muitas vezes as crianças são deixadas de lado para atender às expectativas de adultos envolvidos em violência familiar.
Diante dessa situação, prossegue Eigenmann, “(...) se desejamos que uma criança cresça autoconfiante e com autoestima, a resposta é simples e ao mesmo tempo complicada: ame-a para além de seus comportamentos e desafios.” Se sua escola for parceira, não deixe de conferir este título na íntegra na plataforma Árvore!
Já Rossandro Klinjey, psicólogo e fundador da Educa, aponta a “parentalidade distraída” como um dos fatores que levam à insegurança de jovens. Não por acaso, a Educa é parceira da Árvore no Sentir, um programa digital de educação socioemocional completo para comunidade escolar.
Na visão de Klinjey, o cuidado e o amor tendem a ser cultivados por pais com inteligência emocional. Além de dispostos a serem empáticos e respeitosos com seus filhos. A partir desse acolhimento na primeira infância, o indivíduo torna-se capaz de agir respeitosamente com o próximo. O que contribui para o bem-estar na escola e no ambiente familiar.
O Sentir, programa de Educação Socioemocional da Árvore em parceria com a Educa, assinado pelo Rossandro, conta com a “Escola Parental”. O objetivo é justamente dar suporte às famílias dos estudantes durante o desenvolvimento da inteligência socioemocional promovido pela instituição de ensino.
Para saber mais: Educação Socioemocional: Pontes para integrar a comunidade escolar