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O celular no cotidiano de crianças e adolescentes
Em um levantamento de 2019, o Comitê Gestor da Internet no Brasil apontou que 90% das crianças e adolescentes estão conectados à internet. Desse número, 95% utilizam o celular como dispositivo principal para navegação.
Em 2021, ainda durante a pandemia de Covid-19, uma pesquisa do IBGE analisou os dados de acesso à tecnologia. Ela comprovou que mais da metade das crianças de 10 a 13 anos já possuíam um celular próprio.
Esse cenário nos mostra que a presença desse dispositivo na vida das nossas crianças e jovens é incontornável.
Na pandemia, o celular e as telas tiveram forte presença também na escola. Afinal, eles foram companhia de muitas crianças e jovens durante o ensino remoto.
No entanto, o tempo de tela e o uso em excesso do celular são uma preocupação frequente de muitos pais e educadores. E com razão!
Por um lado, o celular possibilita o estreitamento de vínculos entre amigos e familiares. Além disso, incentiva a pesquisa e a curiosidade, facilitando o acesso e a democratização da informação.
Por outro, existem riscos de um uso exagerado ou desorientado. Eles vão desde a exposição a conteúdos inapropriados até o desenvolvimento de sintomas como insônia e ansiedade.
Nesse contexto, é fundamental que pais, educadores e estudantes estejam atualizados sobre os riscos e benefícios da utilização do celular na escola.
No texto de hoje, você vai ficar por dentro de:
como treinar o corpo docente em relação ao uso do celular em sala de aula;
como dialogar com as famílias dos estudantes sobre essa questão;
vantagens e desvantagens de permitir o uso do aparelho na escola;
e possíveis consequências da proibição do uso de celular.
O celular em sala de aula: como orientar professores?
Antes de tudo, é essencial estabelecer qual postura a escola irá adotar quanto ao uso de celular na escola. E a gestão escolar tem um papel importante na definição de tais diretrizes!
A gestão pedagógica deve ouvir a equipe de professores sobre o tema. Isso pode ser feito a partir de encontros formativos e debates em torno do uso de dispositivos digitais. Depois, ela deve oficializar orientações sobre o uso da tecnologia e do celular na escola.
Professores devem estar atentos às indicações de tempo de tela por idade. Ademais, os docentes podem combinar, no início de cada aula, os momentos em que o celular poderá ser utilizado. Do mesmo modo, é preciso explicitar quando os aparelhos devem ser silenciados e guardados nas mochilas.
Mas… e se o combinado for quebrado?
Uma dúvida frequente é se a escola pode apreender os aparelhos de estudantes para evitar a distração em sala de aula. No entanto, essa não é uma prática recomendada: vale muito mais o diálogo e combinados prévios. As medidas punitivas devem dar lugar às práticas educativas.
O ideal é mostrar aos estudantes o que significa um uso consciente do celular. Afinal, o aparelho pode apoiar no consumo de conteúdos educacionais, comunicação com colegas, debates e pesquisas.
O celular na escola: como orientar os responsáveis?
É recomendado sempre comunicar à família quais atividades ou conteúdos foram oferecidos online. Desse modo, os responsáveis ficam cientes de que o uso do celular tem intencionalidade.
E que tal convidar pais e responsáveis para conversar sobre a presença do celular na escola?
Encontros ou palestras sobre tempo de tela e uso de tecnologias educacionais podem ser ótimos momentos de troca! Uma ponte com a escola apoiará os responsáveis nas regras e combinados para o uso do celular fora do espaço escolar.
Manter essa via de diálogo com as famílias fortalece a parceria com a escola. Sem contar que pode auxiliá-las a enfrentar eventuais problemas de uso excessivo de outros tipos de telas.
Quais são as vantagens do celular na escola?
Quando o uso é mediado e tem um objetivo pedagógico explícito, o celular na escola pode contribuir no processo de ensino. A seguir, confira as vantagens de utilizar o celular em sala de aula.
Acesso a conteúdos diversos
A internet disponibiliza uma infinidade de textos, imagens, arquivos de áudio e vídeo. Cabe ao professor atuar como um curador, aquele que seleciona os recursos que irão complementar as aulas sobre determinado objeto do conhecimento.
Será interessante para uma aula de História o acesso a um documento histórico digitalizado? Um podcast de uma plataforma de streaming pode contribuir para debates em geografia ou biologia?
O celular possibilita o acesso a conteúdos digitais de qualquer lugar! Uma prática interessante pode ser utilizar o whatsapp ou mesmo o e-mail para compartilhar conteúdos selecionados com a sua turma.
Incentiva o letramento digital
Não podemos esquecer que a BNCC aponta a importância do letramento digital na formação integral do indivíduo. Por isso, aprender a utilizar as mídias digitais com ética e segurança é um passo fundamental em um mundo imerso na tecnologia.
O celular pode ser uma grande ferramenta para fomentar o letramento digital. Com ele, estudantes podem pesquisar como identificar fake news e checar fatos e dados. Para sua própria segurança, também podem aprender a elaborar senhas fortes ou habilitar a verificação em duas etapas.
Apoia a formação leitora
Com o advento das redes sociais, periódicos online e um acesso amplo à tecnologia, hoje lemos (e escrevemos!) o tempo todo.
Por isso, é imperativo que estudantes desenvolvam habilidades de leitura e escrita em diferentes tipos de mídia e suportes. Uma formação cidadã incentiva o uso consciente de discursos virtuais, desde mensagens de texto até artigos jornalísticos.
A formação leitora perpassa toda a interpretação do mundo e, hoje, a tecnologia e o celular fazem parte dele!
Além disso, os livros digitais possibilitam a democratização do acesso à leitura literária. Imagina só ter milhares de livros na palma das mãos?
Aqui na Árvore, por exemplo, possuímos um acervo de diversos gêneros literários, segmentados por ano escolar. E o melhor: todos os livros podem ser lidos através do celular, em qualquer hora ou lugar, inclusive na escola! Bacana, né?
Favorece a autonomia
O ser humano nunca foi tão bombardeado por informações! Diferentes tipos de conteúdo estão em toda parte, no mundo online e no offline. Mas será que os nossos estudantes são capazes de navegar e pesquisar de forma segura e responsável?
Cabe à escola ensinar estratégias para que os alunos, de forma autônoma, busquem seus conteúdos favoritos em sites e plataformas confiáveis. Seja para estudo ou lazer!
A autonomia de pesquisa garante a formação de sujeitos mais críticos e cada vez mais conscientes de seus direitos e deveres.
Integração de aplicativos educativos
Os smartphones permitem a utilização de uma ampla variedade de aplicativos educativos, que podem enriquecer o aprendizado em diferentes disciplinas.
Aplicativos interativos podem transformar conceitos abstratos em experiências práticas e envolventes.
Ferramentas colaborativas online
O uso de celulares facilita a colaboração entre os alunos por meio de ferramentas online. Aplicativos de edição colaborativa, como o Google Docs, possibilitam projetos em grupo, estimulando habilidades de trabalho em equipe.
Acesso a recursos multimídia em tempo real
Celulares oferecem a capacidade de acessar recursos multimídia em tempo real, como transmissões ao vivo, webinars e vídeos educativos.
Isso amplia as opções de aprendizado, proporcionando aos alunos uma compreensão mais dinâmica e prática dos tópicos abordados.
Personalização do aprendizado
Os alunos podem usar aplicativos e ferramentas dos celulares para personalizar seus métodos de estudo. Isso pode contribuir para adaptar seu ritmo de aprendizado conforme suas necessidades individuais.
Inclusão de alunos com deficiência
Por último, mas não menos importante, é preciso pontuar que os celulares podem contribuir para um ambiente educacional mais inclusivo.
Se necessário, invista em aplicativos e ferramentas educacionais que sejam acessíveis, com recursos como leitores de tela, legendas, opções de contraste e ajuste de tamanho de fonte.
Quais são os desafios do celular na escola?
Como vimos acima, o celular pode ser uma ferramenta mediadora da aprendizagem. Tudo depende do uso que damos à ele!
E quando o celular se mostra um desafio? A escola também deve estar preparada para evitar e enfrentar as consequências do uso em excesso e sem a devida mediação.
Diminuição da interação e convívio social
A escola é lugar de convívio e interação! O uso em excesso do celular pode impactar negativamente a formação social do indivíduo.
Um sintoma preocupante é a evitação do convívio com os colegas, seja durante as aulas ou no recreio, para ficar no celular.
Professores devem observar tais comportamentos e intervir junto à gestão e às famílias, com o apoio de especialistas de saúde mental.
Problemas de ansiedade e insegurança
Até os adultos tendem a acreditar que a grama do vizinho é mais verde. A influência das redes sociais nos adolescentes pode ser bastante nociva, especialmente quando o aluno passa muito tempo navegando por ela.
E como a escola pode atuar? Educadores devem estar atentos aos sintomas de ansiedade e depressão, como irritabilidade, agressividade, tristeza e insegurança.
Diante disso, a equipe docente pode propor projetos de artes, literatura ou educação física que incentivem a expressão pessoal das turmas. Essa é uma estratégia preciosa para apoiar a autoestima e a empatia.
O caminho não é proibir o uso de telefones celulares ou acesso às redes sociais. Mas trabalhar as competências socioemocionais para promover a saúde mental na escola.
Queda no rendimento escolar
Muitas horas no celular, principalmente antes de dormir, podem causar danos como insônia em crianças e adolescentes.
A falta de sono é um risco para o desenvolvimento cerebral e, consequentemente, para a solidificação de aprendizados.
Quando ultrapassa os limites, o uso do celular na escola também pode causar danos. Por isso, uma mediação de qualidade é indispensável!
Reforçamos aqui a importância dos combinados prévios: é preciso remover as distrações durante a fala do professor ou das atividades em grupo. A não ser que o celular seja uma ferramenta necessária, é claro.
Distração constante
A constante disponibilidade de entretenimento nos smartphones pode levar à distração frequente durante as aulas. A tentação de verificar redes sociais ou jogar jogos pode prejudicar a concentração e o desempenho acadêmico.
Desigualdades sociais
Alunos com acesso limitado ou nenhum acesso a dispositivos móveis podem sentir-se excluídos em atividades que dependem do uso de celulares. Isso pode acentuar as desigualdades sociais e econômicas já existentes.
Segurança e privacidade
O compartilhamento de informações pessoais e imagens através de celulares pode apresentar riscos de segurança e privacidade. A disseminação não autorizada de conteúdo sensível pode criar situações desconfortáveis e até mesmo prejudiciais para os estudantes.
Proibição de celulares na escola: desafios e caminhos
Muitas instituições educacionais têm proibido o uso de celulares como resposta aos desafios percebidos associados ao seu uso.
Essa medida tem a intenção de criar um ambiente mais focado e disciplinado. Porém, ela também levanta questões sobre restrições aos benefícios potenciais que os dispositivos móveis podem oferecer no contexto educacional.
Desafio na Implementação
Proibir o uso de celulares pode ser desafiador devido à ubiquidade desses dispositivos na vida cotidiana dos estudantes. A fiscalização efetiva e consistente dessa proibição pode ser difícil, especialmente durante os intervalos e fora das salas de aula.
Potencial resistência dos estudantes
A imposição de uma proibição estrita pode resultar na resistência por parte dos estudantes. Lembre-se que muitos jovens consideram os celulares como uma extensão de sua vida social e uma ferramenta essencial de comunicação.
Impacto na autonomia e responsabilidade
Proibir o uso de celulares pode limitar a oportunidade de desenvolvimento da autonomia e responsabilidade no gerenciamento do tempo de tela. Em vez de proibir, algumas abordagens promovem o uso consciente e responsável.
Gestor, esperamos que o texto de hoje tenha contribuído para você pensar – ou repensar! – sobre o uso do celular na escola. Confira, também, o nosso vídeo “Formas alternativas de incentivo à leitura” para reflexões sobre o incentivo à leitura frente aos novos desafios da educação. Até a próxima!