Como incentivar o letramento escolar?
Em seu livro “Letramento: um tema em três gêneros”, Magda Soares aponta que o termo letramento é recente na Língua Portuguesa e surgiu por haver uma necessidade de nomear esse resultado da ação de aprender e ensinar as práticas sociais de leitura e escrita.
E como incentivar as práticas sociais de leitura e escrita? O educador vai trabalhar esse incentivo através de propostas de interação com diferentes tipos de texto, os chamados “gêneros textuais”. Ou seja, práticas que promovam a leitura e produção textual, a compreensão do que foi lido, a habilidade de identificar contextos e intenções dos textos são algumas possibilidades de fomentar o letramento escolar.
É importante ressaltar que, diferente do processo de alfabetização, o letramento deve ser incentivado ao longo de toda a vida escolar do estudante. Isto é, o letramento estará presente durante a consolidação da alfabetização, mas vai permanecer em construção mesmo após ela estar bem estabelecida, uma vez que a própria dinâmica das transformações sociais cria essa demanda.
A BNCC aborda a prática do letramento de forma muito clara e objetiva na seção de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental. A proposta é que a diversidade cultural e social esteja contemplada nas atividades de incentivo ao letramento através das práticas que trabalham a diversidade textual. Seguem alguns trechos pertinentes sobre o tema:
“Ao componente Língua Portuguesa cabe, então, proporcionar aos estudantes experiências que contribuam para a ampliação dos letramentos, de forma a possibilitar a participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais permeadas/constituídas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens.” (p. 67)
“Não se trata de deixar de privilegiar o escrito/impresso nem de deixar de considerar gêneros e práticas consagrados pela escola, tais como notícia, reportagem, entrevista, artigo de opinião, charge, tirinha, crônica, conto, verbete de enciclopédia, artigo de divulgação científica etc., próprios do letramento da letra e do impresso, mas de contemplar também os novos letramentos, essencialmente digitais.” (p.69)
Ou seja, é fundamental considerar a realidade desses estudantes no processo de letramento, entendendo que a leitura e a escrita estão a serviço de seus papéis sociais. Sendo assim, considerando que esses estudantes estão inseridos em um contexto social diverso, a palavra multiletramento surge como um conceito que tende a abarcar todas essas diversidades.
Qual é o papel do pedagogo na alfabetização e letramento?
O papel do pedagogo deve ser a mobilização dos fundamentos psicológicos, fonológicos, linguísticos e sociolinguísticos no trabalho com a alfabetização e o letramento infantil.
Magda Soares afirma que essa fundamentação multidisciplinar não é bem trabalhada nos cursos de pedagogia. Por isso, o processo de alfabetização e letramento escolar dos alunos vai demandar do pedagogo estudo, informação, prática e formação complementar e continuada.
A alfabetização vai exigir que o educador saiba orientar esse processo cognitivo e linguístico de ensino e aprendizagem da aquisição da tecnologia que é saber ler e escrever. A aquisição dessa tecnologia passa por diversas práticas, desde aprender a pegar um lápis e usá-lo num papel até a decodificação de signos.
Já para o letramento, o pedagogo precisa trabalhar a compreensão de contextos e desenvolvimento de visão crítica. Esse processo mais amplo vai ser realizado através da construção e ampliação de repertório cultural para que seja possível estabelecer conexões com a turma, em sua diversidade, a fim de tornar e manter essa aprendizagem significativa.
As tecnologias digitais no processo de letramento
Dada a importância de envolver os diferentes gêneros textuais e a diversidade cultural e social no processo de letramento, surge a necessidade de também promover o uso ético e crítico das tecnologias digitais, realidade da grande maioria dos estudantes atualmente. Por isso, outros termos que ganharam visibilidade recentemente, inclusive na BNCC, foram os de letramento digital e letramento midiático.
Dessa forma, é possível concluir que o letramento é um processo que se mantém ao longo de toda a vida, para além da fase escolar, pois as transformações no mundo vão requerer novas práticas e conceitos, e vão também transformar nossas vivências e formas de comunicação.
Nesse aspecto, o uso de ferramentas digitais em sala de aula se torna mais que um benefício no processo de letramento, passa a ser fundamental para orientar e desenvolver habilidades dos estudantes nativos digitais em sua formação.
Educador, ficou clara a diferença entre os conceitos de alfabetização e letramento? Percebeu como os dois processos se complementam e como o pedagogo exerce um papel fundamental nessas construções?
Esperamos que tenha gostado desse artigo sobre letramento e alfabetização. Continue a leitura sobre o tema em nosso blog, leia esse conteúdo sobre letramento digital!