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A supervisão escolar de qualidade é crucial para a eficácia do processo de ensino-aprendizagem e para o aprimoramento do sistema educacional ao longo de todo o ano letivo. Mas você sabe o que faz um supervisor pedagógico?
No post de hoje, discutiremos:
em que consiste a supervisão pedagógica na Educação Básica brasileira;
as atribuições de um supervisor escolar;
a formação necessária para atuação nessa função;
e caminhos para exercer uma supervisão escolar pautada em preceitos democráticos.
Não deixe de conferir!
O que é a supervisão pedagógica?
Naura Ferreira, pesquisadora e professora, define a supervisão pedagógica como um processo que envolve a observação, avaliação e apoio aos professores e ao ensino, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação. Em verbete disponibilizado em um portal informativo da UFMG, a autora elucida que:
“É o compromisso e a responsabilidade do processo pelo qual se orienta a escola em sua totalidade, para a consecução de suas finalidades. Significa ‘cuidar' da qualidade da educação em desenvolvimento, desde a formulação das políticas públicas às políticas educacionais mais específicas, até a avaliação coletiva de todo o desenvolvimento.”
Além disso, é interessante observar que, em agosto de 2023, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) passou a incluir uma nova menção ao profissional encarregado da supervisão pedagógica.
No acréscimo em questão, essa função aparece ao lado de outras da equipe pedagógica, como a docência, gestão e coordenação. O objetivo, de acordo com a normativa, é assegurar que os trabalhadores listados possam ser eleitos como representantes dos Conselhos Escolares de cada Estado e município, em gestões democráticas.
O que faz um supervisor escolar?
Ainda de acordo com Naura Ferreira, são diversas as atribuições de supervisores escolares. Em capítulo publicado no livro Supervisão pedagógica- Princípios e práticas (2005), a autora lista ao menos 5 frentes de atuação desses profissionais.
No âmbito político, tem-se a responsabilidade pela efetivação de novas iniciativas educacionais.
No campo do planejamento, cabe um olhar crítico e constante sobre redação e implementação coletiva do projeto pedagógico.
Em termos de gestão, a autora menciona a “coordenação, propriamente dita, de todo o desenvolvimento das políticas, do planejamento e da avaliação” (p. 111).
A esfera avaliativa, por sua vez, inclui a análise de práticas educacionais vigentes, levando em consideração critérios transparentes para toda a equipe pedagógica e princípios padronizados construídos em conjunto.
Por fim, a autora reitera a necessidade de formação continuada, o que inclui esforços individuais e coletivos para unir teoria e prática no chão da escola.
Se interessou por esse ofício? Então continue lendo, pois a seguir você descobrirá a formação necessária para trilhar esse caminho.
Qual a formação necessária para atuação na supervisão escolar?
Atualmente, a LDB estabelece que supervisores escolares devem ser graduados em Pedagogia ou pós-graduados em pedagogia ou supervisão escolar. Você pode consultá-la no artigo 64 do texto:
“A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” (p. 115)
Como exercer uma supervisão escolar democrática?
Agora que você já está por dentro das funções e formações necessárias para tornar-se um supervisor ou supervisora escolar, pode começar a refletir sobre estratégias que pode utilizar para contribuir para o direito constitucional de gestão democrática.
Primeiramente, é preciso compreender as raízes históricas da visão do senso comum sobre a supervisão escolar. Os pesquisadores da UNICAMP Evaldo Piolli e Rosângela Chede (2022) nos ajudam nessa tarefa.
Autores de um dos capítulos do livro Supervisão de Ensino: privatização do público ou direito à Educação?, Piolli e Chede (2022) explicam que, no Estado de São Paulo, a supervisão escolar foi, por muito tempo, encargo dos inspetores escolares. Isso explica, ao menos em parte, sua associação a noções como controle ou vigilância:
“No Estado de São Paulo, até os anos 1970, registrava-se a presença do inspetor para desempenhar as atividades relacionadas à supervisão de sistema. Apesar de o pedagógico estar contemplado em suas ações, observa-se, entretanto, que a principal função dos inspetores consistia na fiscalização e orientação das unidades escolares e dos servidores públicos que trabalhavam na área da Educação, sob a premissa do cumprir e fazer cumprir a lei.” (Piolli e Chede, 2022, p. 73)
Para combater esse estigma e estereótipo, você pode pautar sua postura nas diretrizes a seguir.
Realize reuniões e consultas regulares para ouvir as opiniões e preocupações de todos os atores da comunidade escolar. Isso cria um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada.
Procure manter sempre a transparência nas tomadas de decisões e processos de supervisão. Informações dessa natureza, como critérios de avaliação e resultados de observações de aulas devem ser compartilhadas abertamente. Além disso, é fundamental estabelecer critérios inteligíveis e coesos de avaliação e padrões educacionais.
Estabeleça uma relação de parceria saudável com o corpo docente. Os supervisores não devem ser meros avaliadores, mas parceiros no desenvolvimento profissional dos professores. Trabalhem juntos na construção de planos de ação para melhorias e na troca de experiências.
Invista em sua formação continuada. Um bom supervisor escolar precisa ser capaz de alinhar teoria e prática, informando suas devolutivas e ações pedagógicas em conceitos discutidos pela comunidade acadêmica.
Avalie a possibilidade de implementar uma avaliação mútua, na qual professores também sejam encarregados de avaliar seu trabalho. Isso cria um ambiente de responsabilidade e melhoria contínua.
A flexibilidade e adaptação do processo de supervisão às necessidades específicas de cada contexto e profissional são igualmente importantes. Por isso, inclua alunos e famílias sempre que apropriado. Seus insights podem ajudar a moldar o ambiente educacional de modo acolhedor e inclusivo.
Por fim, não deixe de avaliar periodicamente os processos de supervisão. Essa flexibilização, conforme as demandas e prioridades da escola mudam, estimula um clima de confiança entre todos os envolvidos.
Em resumo, uma supervisão escolar de qualidade em uma gestão democrática promove a participação ativa, a transparência, a colaboração e a melhoria contínua. Ao seguir essas diretrizes, as escolas podem criar um ambiente educacional que beneficie os alunos e promova o desenvolvimento profissional dos educadores.
Esperamos que esse post tenha sido útil para sua rotina escolar. Se quiser ler mais sobre gestão pedagógica, acesse Gestão administrativa escolar: o que é e quais os desafios. Até a próxima!